Luisa Frey, autora deste livro, é uma jovem jornalista brasileira que, com sensibilidade e graça, conduz leitores como eu (que nunca fui a Veneza) pelos canais, ruelas, bares e mercados dessa cidade tão distinta. Por certo há vários ou muitos livros saborosos, por seus textos, suas ilustrações etc., mas neste o sabor é o próprio condutor do texto.
Na introdução, Luisa escreve:
Há dois anos pisei na pequena ilha de Burano pela primeira vez. Entre seus canais e casinhas coloridas, pairava o perfume de biscoitos recém-saídos do forno. Ainda posso senti-lo. E não me esqueço do sabor dos apimentados pevarini ou do sorriso de Giorgio Garbo, o pasticcere mais genuíno de Veneza. A mesma atração que o odor de seus doces exerce sobre os que passam pelos arredores da confeitaria, esta cidade exerce sobre mim, apenas mais uma vítima de seu poder de sedução.É assim que vamos conhecendo a região, como se estivéssemos andando quase à toa, sem um destino estritamente previsto, mas apenas nos deixando guiar pela possibilidade de provar um antipasto inesperado ou um prato típico, parando para comprar verduras de um barco atracado nos canais, ou arrematando a refeição com um biscoito molhado no vinho. Há leveza e prazer nessa caminhada. Embora seja evidente a pesquisa feita para dizer das origens de alguns alimentos ou de hábitos, para contar um pouco da história de lugares ou de expressões, a autora conseguiu escapar do didatismo. O que parece importar, antes de tudo, são os encontros de Luisa com as pessoas da região, nos vinhedos, nas cozinhas... Suas conversas tanto podem tratar dos ingredientes, especiarias ou formas de preparo de peixes, berinjelas, pastas, quanto podem reclamar dos turistas e, ao mesmo tempo, agradecer a sua presença.
Depois de alguns capítulos que percorrem todos os momentos de uma refeição (do aperitivo à sobremesa), Luisa traz ainda algumas receitas da tradição veneziana, tendo o cuidado (e a gentileza) de escolher somente as que possam ser reproduzidas no Brasil, tanto pela forma de preparo quanto pela disponibilidade dos ingredientes.
Ah! Não dá para deixar de dizer que o livro é ilustrado por delicadas aquarelas feitas por Nicola Tenderini, um veneziano; e que traz ao final a listagem dos endereços das osterias, trattorias, caffé, cantinas, pasticceria etc. etc. visitados no percurso. Uma doce viagem!
Obrigada pela crítica, Guacira!
ResponderExcluirbeijos,
Luisa Frey
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