sábado, 14 de julho de 2012

Ao redor do fogão

Era uma noite muito fria de inverno. Fomos em bando para um jantar na casa de amigas que inauguravam nova morada. Alto do morro, mais frio ainda. Chegando lá, encontramos uma sala onde a lareira acesa construía um primeiro 'porto' de aconchego. Ligada a ela, sem qualquer obstáculo, a cozinha na qual outro grupo de amigos começava a preparar o jantar. De um lado, no fogão convencional a gás, fumegava um creme de abobrinhas. Seria a entrada que deveria aquecer 'corpos e almas'. Mais adiante, um salmão com molho de mostarda e mel, acompanhado de batatas e salada iria fazer par a outro peixe, um côngrio com alcaparras mais arroz com alecrim. Tudo preparado em meio a muita conversa e vinho, palpites e interferências dos convidados.  Seríamos dez à mesa.

A situação me lembrava uma cena do filme Um amor quase perfeito (Le fate ignoranti), no qual a protagonista, depois de perder subitamente o amoroso marido, acaba descobrindo uma espécie de 'universo paralelo' onde ele vivia outro grande amor, cercado de um bando de gente sempre reunida  em torno da cozinha, amando e sofrendo junto. Repetíamos a cena, de certo modo.

Mas é preciso falar do outro lado dessa cozinha onde minhas amigas fizeram construir um fogão e um forno à lenha. Ali estava sendo cozinhado o feijão da semana (vale dizer que este jantar acontecia num sábado). E o feijão acabou entrando no cardápio do jantar. Como resistir a uma panela de ferro sobre a chapa quente?

Para completar, uma torta de maçãs assava no forno e inundava o espaço com um cheirinho delicioso. Estava magnífica! O frio da noite? Ficou esquecido em meio a tudo isso.


2 comentários:

  1. Que beleza, dá prá sentir daqui os perfumes e os sabores. Calor de fogo, lenha, brasas, das delícias do inverno.

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  2. Não é que te encontrei?
    Estou adorando tuas "falas".
    Bjos

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