quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Reencontro em Ipanema

Escolhemos o restaurante pela internet. Não tinhamos referências mais diretas ou concretas, mas resolvemos arriscar. Era perto, dava para ir a pé. Passamos em frente, confabulamos um pouquinho e decidimos encarar. Reconheci o logotipo: Bazaar. Lembrava de ter visto na Livraria da Travessa, lá em cima, no café, e até já tinha comprado uns molhos da marca.

O lugar pareceu agradável e elegante. Queríamos comer bem e conversar à vontade. Antes era preciso dar uma olhada no cardápio para conferir se havia alguma alternativa vegetariana. Apenas uma oferta: moqueca de palmito pupunha e banana-da-terra com arroz vermelho. Parecia uma boa pedida, mas eram dois os vegetarianos do grupo... Para não repetir a dose, já que estávamos dispostos a experimentar vários itens do cardápio, a alternativa foi escolher o risoto de queijo grana padano. O chef se dispunha a substituir o presunto cru crocante que entrava no risoto. "Ficou gostoso", disse o homenageado da noite, enquanto registrava (e reclamava) meu desinteresse em fotografar o seu prato. Minhas desculpas (esfarrapadas, devo reconhecer) não adiantaram. Desconfio que vou ouvir esse reclamo por muito tempo! 
(Aqui o registro da moqueca)

Sem a restrição vegetariana a lista era grande. Por pura curiosidade diante da descrição, escolhi "escalopes de cavaquinha sobre purê de aipim, alho poró crocante e molho adocidado de amêndoas e avelãs". Talvez mais prudente, meu amigo preferiu o "salmão ao molho de saquê e teriyaki com arroz oriental de gergelim, cogumelos e passas". 



Como a noite era de comemoração e reencontro,  nos permitimos completar o jantar com sobremesa. No cardápio constava um "Etílico Gourmand (três mini sobremesas e uma taça de vinho do porto)". Pedimos três. Um exagero! Mas arrematou bem nosso encontro. 

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Praia sem fim

Num dia de sol, pegamos o carro e rumamos para a Barra, Recreio, Guaratiba. É a praia sem fim do Rio de Janeiro. Os olhos se fartam de tanto céu e mar. De vez em quando uma parada para sentir o vento, espiar a garotada surfando, as famílias com suas crianças e merendas embaixo de guarda-sóis. Nos rendemos ao impulso de fotografar, é claro. Afinal estamos de passagem, não é todo o dia que temos à mão tanta beleza.
















Como é sábado há gente por todo lado. Seguimos os rituais do lugar e buscamos um restaurante à beira mar para almoçar. "Na Toca da Traíra", diz o motorista. "Não há quem não goste do pintado na brasa que eles preparam por lá".

Dito e feito. Esse se torna nosso destino. Conseguimos uma mesa de varanda voltada para a praia e nos instalamos. Antes de mais nada, peço uma caipirinha, pois afinal não vou ter de dirigir na volta. Ela chega rápido e gelada. O pintado na brasa, que é a pedida de muitas mesas, vem no espeto, acompanhado de camarões com molho de catupiry (catupiry de verdade, não uma misturinha tapeada), purê de batatas e arroz. Um exagero? Claro que sim. Mas quem está pensando em leveza e elegância numa hora destas?


domingo, 17 de fevereiro de 2013

Na nossa zona sul

Como todo mundo (ou quase todo mundo) exalto as belezas da zona sul do Rio. Já fiz aqui várias referências a comidas e bebidas que tive a chance de saborear nesse cenário carioca por excelência. Mas vivo em Porto Alegre e nossa zona sul também tem lá suas belezas, afinal dali se pode ver o Guaíba esparramado e alguns morros no horizonte. Gosto de lá, onde passei tantos verões na minha infância e juventude. Infelizmente, as chances de comer bem nessas bandas são poucas e raras (quase nulas, para dizer a verdade, já que o que havia de melhor, sumiu -- cf. o post de setembro).

Antes de chegar à beira d'água, contudo, antes de alcançar Ipanema e seguir para o Guarujá, se passa por Vila Assunção, Tristeza, Vila Conceição, Pedra Redonda e... há alguma esperança. Foi justamente na Vila Assunção que encontrei um lugarzinho gracioso, o Iaiá Bistrô e ali experimentei um almoço muito agradável.

Já tinha ouvido falar do Iaiá mas, não sei bem porque, demorei a conhecê-lo. Fui até lá há algumas semanas atrás, num desses sábados ensolarados de janeiro. O cardápio é amplo, com uma certa 'pegada' mais tropical. Há moquecas, vatapá, bobó de camarão, frutos do mar, pato ao tucupi;  também aparecem ali os grelhados, para não abandonar os gaúchos que não dispensam carnes, e, em contrapartida, há o cuidado de oferecer alguns pratos vegetarianos, já que cresce o número daqueles que assumem essa preferência. Como entrada, escolhemos um gratinado de siri que me pareceu menos saboroso do que as tradicionais casquinhas de siri gratinado (a proposta é mesmo um pouquinho diferente). Como prato principal, escolhi tortei com camarões -- absolutamente delicioso!


Minha irmã preferiu o filé de congrio com crosta de castanha do Pará. O peixe veio acompanhado de um purê de mandioquinha e molho de tamarindo e foi também muito apreciado.


O ambiente rústico, a casa avarandada com largas janelas, as mesas cobertas com chita colorida e o atendimento gentil me fizeram garantir à proprietária que voltaria lá muitas outras vezes.


sábado, 9 de fevereiro de 2013

Sem folia

É sábado de carnaval. Muita gente saiu da cidade. Porto Alegre não é propriamente "da folia", embora também se possa descobrir por aqui desfiles e bailes (há até mesmo um sambódromo). Na contramão do agito e dos blocos exibidos sem cessar na televisão, se ouve o silêncio, as ruas estão vazias e a gente anda sem pressa, antegozando a folga que vai até quarta-feira. Filas, só nas bilheterias dos cinemas, aparentemente a maior diversão urbana. 

Neste cenário apetece preparar um almoço tranquilo, estendido no tempo e com direito a sesta. Um almoço descomplicado e que, de preferência, não demande muita arrumação de louça e cozinha. Pensei em peixe, pois ando inclinada às coisas do mar e busco também dar alguma "leveza" à refeição. No freezer encontro um pacote de merluza congelada. Seria melhor se fosse um peixe fresco mas, vá lá, assim não tenho de ir ao mercado. 

Uma maneira simples de prepará-lo pode ser "en papillote", quer dizer, empacotado em papel alumínio, levado ao forno, para cozinhar em seu próprio vapor. Adoto essa fórmula que, acredito, não tem erro.

Depois de descongelar os filés, coloco cada um deles num quadrado do papel alumínio e tempero com sal, pimenta, finas fatias de cebola roxa, pedacinhos de tomate cereja e coentro (hoje felizmente consegui coentro), um fio de azeite e fecho bem o pacotinho. Agora é só colocar no forno por cerca de 15 ou 20 minutos. 













Para acompanhar preparo batatas cozidas salteadas no azeite junto com cogumelos paris. 


Na hora de servir, em cada prato um pacotinho e acompanhamentos. Depois... bem, cada um "se vira" ou, como se diz em francês, cada um deve "se debrouiller" (palavra que me lembra "desembrulhar").  Aberto o pacote, o aroma é delicioso. 


sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

No Rio

Não sou nada original quando digo que "minha alma canta [quando] vejo o Rio de Janeiro". De fato, adoro estar nesta cidade que acende meu lado "solar". Gosto de andar no calçadão, ver o mar e a montanha e a gente do Rio. O cenário encantador me chega embalado em bossa-nova e juventude, provavelmente porque experimentei tudo isso por lá.  E já faz tempo...

Mas aqui devo falar de comida e de bebida ou, pelo menos, dos encontros compartilhados a seu pretexto. Nessa última e curtíssima temporada, tive vários, se não memoráveis, saborosos e divertidos.

Começo por um jantar no Zazá Bistrô Tropical, em Ipanema. Um restaurantezinho descolado, com mesas na varanda e na sala iluminadas por velas. Atendimento correto, o que nem sempre acontece no Rio, devo reconhecer.

Para esperar nossa convidada, pedimos o couvert e ele merece registro. Acompanhando uma cestinha com finíssimas torradas e chips de batata baroa e batata doce, apareceram uma mousse de wasabi (muito, muito gostosa) e um molhinho que combinava tomate, mel e gergelim. Uma entradinha diferente que, junto com o vinho branco, fez a espera parecer agradável.

Experimentamos dois pratos do cardápio, ambos do mar: camarões flambados com risoto de limão e jardineira de legumes e namorado grelhado com palmito pupunha sobre uma base de banana da terra caramelizada mais aspargos sauté com  azeite de pimenta dedo de moça.















Talvez num exagero,  mas a noite era de reencontro familiar, resolvemos dividir uma sobremesa e a escolha foi o "Devil's Cake", um pequeno souflé de chocolate meio amargo com crosta crocante, acompanhado de sorbet de limão siciliano. (Gostei mais do sorbet pelo toque cítrico e refrescante do que do cake propriamente dito). Em resumo: comida gostosa, muita conversa e risos e a noite foi perfeita.