Foi ali que decidimos fazer nosso jantar de despedida da viagem. Não lembro o nome do lugar (o que é uma pena), mas lembro que ficava próximo à rua de l'Estrapade. Era um bistrô muito pequeno e gracioso com poucas mesas. O cardápio estava exposto em três quadros-negros.
Chegamos cedo e por isso conseguimos um lugar (aparentemente todas as outras mesas estavam reservadas e foram logo ocupadas). O restaurateur veio nos receber com seu cachorro que (vale notar) circulou junto com seu dono pelo pequeno salão durante todo o jantar. Simpático, o dono trouxe até nossa mesa um a um dos quadros negros onde se podia escolher um prato de entrada, um prato principal e uma sobremesa. Apesar de descrever com entusiasmo todas as opções, preferimos deixar que ele nos aconselhasse e, assim, seguimos suas preferências e sugestões.
Nossa entrada constituiu-se de um "foie-gras mariné à la mûre et au jurançon". Fiquei encantada. Provavelmente era a primeira vez que eu provava um autêntico "foie-gras". Apresentado de modo simples, sobre uma espécie de "tábua" ou lâmina de ferro, a fatia de foie vinha acompanhada por uma pequena salada e um pão rústico torrado.
A seguir, o prato principal foi anunciado com muita circunstância pelo dono: "aoxa d'espelette". Eu não tinha ideia do que se tratava. Orientada por ele, fiquei sabendo que essa é uma receita basca tradicional que sua família costumava fazer com frequência. Trata-se de um prato muito forte, de carne (vitela) ensopada com batatas, bem apimentado. Como diria minha mãe: "um prato de levantar mortos!"
A esssa altura estávamos, minha amiga e eu, plenamente satisfeitas. Mas havia a sobremesa e, da atraente lista que nos foi apresentada, mais uma vez seguimos a sugestão do restaurateur e optamos pela "assiette de figues rôties".
Um jantar poderoso com certeza!