A caminho da zona sul se vislulmbra o Guaíba. O brilho d'água traz encanto e graça à paisagem. Pouco importa se o que se vê é um rio, um lago ou um estuário. Como tantos portoalegrenses, uso a denominação aprendida e repetida com orgulho e afeto: Guaiba é o rio que banha Porto Alegre e ponto. Curioso é que, apesar de reconhecer sua beleza e, com algum exagero, apregoar que dali se contempla o mais lindo por-de-sol do mundo (gaúcho nunca faz por menos os elogios à sua terra), vivemos quase todo o tempo de "costas para o rio". Mais um lugar comum: reconhecemos que a cidade está divorciada do rio e que o muro, construído há alguns anos para conter eventuais enchentes, é apenas a expressão mais violenta desse divórcio mas, mesmo assim, a demora do olhar sobre o Guaíba é pouca, quase sempre. Espiamos o rio de relance, pela janela do carro, ou talvez andando de bicicleta no parque Marinha ou quando vamos em direção ao estádio do Inter.
Por tudo isso, o convite para jantar num belo restaurante debruçado para o Guaíba é especial. O Le Monde Villa Lina chegou a Porto Alegre não faz muito tempo. É verdade que, por ali, outros já tentaram a empreitada gastronômica, mas a arrogância e rudeza do atendimento levou o prazer água abaixo. No Le Monde Villa Lina a história é outra. O restaurante instalou-se num casarão do século passado e soube transformá-lo sem descaracterizar o que deve ter sido uma 'villa', uma "casa para fora". Digo isso porque imagino que, em 1911, aquela região (Pedra Redonda, Tristeza, Ipanema) certamente ficava além dos limites da cidade.
Na noite em que visitei o Villa Lina chovia e ventava muito, por isso não tive chance de apreciar o jardim que, de qualquer modo, me pareceu espaçoso e bem cuidado. Mas conseguimos uma mesa junto aos janelões e, então, ao mesmo tempo em que examinava o generoso cardápio e a carta de vinhos, joguei o olhar para o rio que chegava a formar pequenas ondas na areia por causa do vento. Gostei muito do lugar e do modo como fui tratada. O restaurante tem seu requinte, o espaço é bonito, a cozinha é competente, o serviço, atento, mas não se percebe qualquer preocupação em "aparentar" requinte. Tudo flui com naturalidade. Garçons e chefe atenciosos e "leves". Isso! Leveza! Taí uma coisa que valorizo.
Escolhi um prato tailandês: "pad thai de camarões Le Monde", acompanhado de um vinho português. Delicioso, talvez um tanto "grande' demais para meu apetite, mas correto.
Quero voltar mais vezes. Imagino que seja adorável comer ali numa noite de verão.
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