sexta-feira, 7 de junho de 2013

Em Zermatt, a batata rosti

Eu nada sabia sobre o lugar. Para ser sincera, eu sabia pouco sobre a Suiça. Mas nessa viagem, para além da cosmopolita Genebra, tive chance de visitar cidadezinhas e lugarejos quase escondidos.

Zermatt foi um desses lugares. Uma estação de esqui em meio aos Alpes que tem como sua principal referência o Matterhorn, a montanha ícone da região com mais de 4.500 metros de altitude. (Não custa lembrar que, além de cenário de lendárias e dramáticas escaladas, o Matterhorn é também o símbolo do chocolate Toblerone). Mas voltando a Zermatt: esse é um povoado encantador de pouco mais de seis mil habitantes que, na temporada de inverno, tem sua população muitas vezes multiplicada. Uma rua principal -- com suas lojinhas, restaurantes, pousadas, uma praça e uma igreja -- cortada de pequenas ruelas. Nos céus, observamos com curiosidade helicópteros trazendo provisões, gêneros de toda espécie, provavelmente a forma mais viável de abastecer o lugar. Aqui ou ali vemos alguns montanhistas com suas bengalas ou bastões e uns poucos jovens carregando esquis. Seriam, quem sabe, os últimos remanescentes da temporada que findava; afinal estávamos em maio e a primavera já começava, embora a paisagem não parecesse confirmar o calendário.

Alguns companheiros de viagem pegam o funicular que os levará até uma montanha próxima de onde devem observar o Matterhorn mais de perto. Nós decidimos ficar ao pé do monte, explorando o vilarejo. E é assim que, ao final da rua, depois da praça e da igreja, encontramos o restaurante onde iríamos provar o prato típico da região: batata rosti com salsicha. (As nuvens atrapalham o olhar mas lá fundo esta a famosa montanha)


Mas a comida acabaria por não se constituir na única atração do almoço. Antes há que prestar atenção ao lugar: um restaurante modesto, de mobiliário simples e preços acessíveis. Aparentemente nada demais não fosse pelo fato de mostrar, no jogo americano que cobria a mesa, a data de sua inauguração: 1600. Sim, estávamos no mais antigo restaurante da região.



Ensaiamos o pedido, aproveitando que uma das parceiras da mesa fala alemão. Mas a garçonete já se antecipa, sorrindo e respondendo em português. Não há motivo para espanto. Como alguém nos prevenira, embora a língua oficial de Zermatt seja o alemão (pois a comuna faz parte do cantão germânico da Suiça), cerca de 50% de sua população fala o português. Beleza! Tudo parece mais fácil agora.

Quanto ao prato propriamente dito, consiste de batata (crua ou cozida) ralada e frita na manteiga ou  outro tipo de gordura e "prensada" na frigideira de modo a formar uma espécie de panquena, dourada e crocante. À batata ralada podem ser adicionados cebola, bacon, cogumelos, enfim vários ingredientes. O resultado é mesmo saboroso (tanto que comprei um livreto para tentar replicar por aqui as receitas). A salsicha é quase obrigatória num cantão alemão e pode ser de uma infinidade de tipos. Enfim, é uma comida forte, certamente boa para o inverno pois aquece o corpo e a alma dos caminhantes. 

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