terça-feira, 23 de julho de 2013

Por outro lado...

Outro dia lembrei (cheia de saudades) da feijoada "com todos seus pertences" como alguns costumam dizer. Hoje a mensagem quase pode ser considerada um contraponto. Fui levada a um restaurante relativamente novo na cidade (pelo menos novo para mim) que faz a linha saudável: o Quintal orgânico.

Uma casa clara, situada numa esquina elevada, onde o branco é uma constante: nas paredes, na louça, toalhas e guardanapos. À frente do prédio, uma horta sugestiva é formada por canteiros alinhados de alface, rúcula, cebolinha, etc. etc. Chegamos cedo e, antes de escolhermos a mesa, espiamos a lojinha de pequenos objetos, brinquedos artesanais e lembrancinhas de festa, que fica logo à entrada.

O dia estava gélido e logo pedimos um cálice de vinho para acompanhar a refeição (a casa só funciona para almoço). Recebemos o cardápio que anuncia que o restaurante participa do movimento "segunda-feira sem carne", criado por Paul McCartney e que atualmente se espalha por muitos lugares no mundo. 


Era segunda e, portanto, a refeição seguia esse princípio. O couvert (adorável, logo descreverei) é seguido de uma entrada, um prato principal e sobremesa. Fixo para cada dia da semana, muda mensalmente e contempla sempre uma opção vegetariana. 

Fui conquistada de cara pelo couvert: uma pequena xícara de caldinho de feijão acompanhada de pão preparado no local com uma pipeta de azeite de oliva e uma bisnaguinha de manteiga orgânica.
Encantador, não?



Meu segundo destaque foi o prato principal: o risoto de quinua apresentado dentro de uma mini moranga. Delicioso!


Um mousse de banana e um café foram meus arremates. Depois ficamos conversando ainda um bom tempo. Valeu a pena ter enfrentado aquela manhã fria.


segunda-feira, 15 de julho de 2013

Saudades de feijoada

É tempo de feijoada em Porto Alegre. Aqui, diferentemente de outras regiões do país, é quando o calendário anuncia o inverno que os grandes restaurantes e hoteis também anunciam suas "temporadas de feijoada". Isso não quer dizer que o prato esteja ausente em outros períodos do ano ou que não apareça, com regularidade, nos buffets à quilo e nos restaurantes populares. Mas quando chega o inverno é com pompa e circunstância que o ritual da feijoada com todos os seus ingredientes e aparatos entra triunfalmente em cena. Pelo menos pelas bandas do sul.



Sempre adorei esses momentos. Muito especialmente quando ia no Plazinha, um dos hoteis mais tradicionais da cidade que, desde os anos 1970, é famoso por sua feijoada nos sábados de frio. Logo ao sair do elevador a gente já se deparava com uma mesa atraente com pasteizinhos, linguiça, aipim frito e batidas de cachaça e frutas. Eu costumava fazer meu prato de aperitivo e pedir uma batidinha de côco que, ao fim e ao cabo, era depois repetida e virava minha bebida durante a refeição.

Escrevo no passado não porque o ritual tenha se extinguido, eu é que não tenho mais retomado o hábito. Acabei de algum modo submetida aos discursos, ou melhor, às "pregações" saudáveis que, cotidianamente, recomendam alimentação balanceada, rica em verduras, legumes e frutas, peixes e carnes magras. Que chatura!

Curioso é que a primeira lembrança que tenho de comer uma feijoada "comme il faut", foi no Rio de Janeiro, de biquini, à beira-mar, em Copacabana. Nenhuma preocupação com saúde, o que certamente se explicava por minha juventude e total desconhecimento das ladainhas saudáveis; nenhuma referência ao frio, pois o sol ardia na calçada e na pele. Sentada num boteco com meus primos, descalça e despreocupada, experimentei com prazer a feijoada. E fui seduzida de imediato por tudo aquilo.

Anos depois, em tempos de São Paulo, a feijoada voltou à minha vida. Agora era no Bexiga, com um grupo de amigos, aos sábados (naturalmente) num almoço que não tinha hora para acabar. Na verdade um almoço que costumava se estender por toda a tarde. Pagava-se por cabeça (e pouco) e podia-se repetir quantas vezes se quisesse. Então o bate-papo corria solto e, de tempos em tempos, o garçom enchia outra vez as cumbucas e nós, que estávamos preocupados em resolver todas as mazelas do país (esse foi um tempo de grandes debates políticos), retomávamos a combinação do arroz, feijão, costelinha de porco, farofa, etc.



Algumas vezes também ensaiei preparar o ritual aqui em casa. Dava certo. Desde a véspera eu me empenhava em dessalgar as carnes, deixar o feijão de molho, encaminhando tudo para o dia seguinte (um sábado "por supuesto"), quando então cozinhava o feijão e as carnes separadamente. Essas eram cuidadosamente escolhidas: sempre preferi as defumadas e determinados tipos de linguiça e deixei de lado o pé, a orelha e o rabo de porco. Depois eu juntava tudo numa grande panela, enquanto numa frigideira refogava a cebola picada e jogava algumas conchas do feijão para engrossar o caldo que fervia. Dada à minha pouca habilidade, geralmente eu comprava a couve já cortada em tirinhas finas e passava no azeite, pois não sou muito chegada ao bacon. Ah! fazia também uma farofa e cortava rodelas de laranja para acompanhar. Cores lindas: preto, branco, laranja, verde...Cheirinho gostoso. E gente, porque feijoada tem graça quando reúne um grupo de pessoas.

Enfim, lembrando todos esses momentos, me dou conta de que não faz sentido abandonar o ritual. De vez em quando vale a pena esquecer um pouco as precauções de saúde e as dietas! 

sábado, 6 de julho de 2013

Quase minimalista

Ainda que a expressão "cozinha minimalista" seja, muito frequentemente, associada ao projeto arquitetônico desse espaço, há também quem a use para lembrar a possibilidade de produzir com poucos elementos, de forma simples e criativa, refeições atraentes e, paradoxalmente, sofisticadas.

Foi o que pensei quando, um dias desses, fui convidada para jantar na casa de um amigo. Cheguei a tempo de participar do processo de construção do que seria nosso prato principal ou único (para ser bem honesta, melhor seria dizer a tempo de acompanhar e registrar o processo).

A ideia foi utilizar forminhas de cupcakes (olhem o post anterior!) ou muffins para preparar uma quiche. Quando cheguei já encontrei no refrigerador as forminhas cobertas pela massa da quiche. Uma massa que é rica em manteiga e que, consequentemente, é gostosa e calórica. A preparação do recheio foi simples: aos ovos batidos foram acrescentados pedacinhos de queijo gorgonzola e finas fatias de cogumelo portobelo. Colocada essa mistura nas forminhas, elas foram ao forno e... pronto!



Sou gulosa, já comentei várias vezes aqui, mas uma só dessas forminhas acompanhada de uma singela salada e vinho acabou por se constituir num jantar absolutamente saboroso e "suficiente". Valeu! 
(Ah, é bom lembrar que as forminhas eram de silicone e isso facilitou muito retirá-las, garantindo um visual perfeito ao final).


quinta-feira, 4 de julho de 2013

A mania dos Cupcakes

De uns tempos para cá os cupcakes passaram a ser onipresentes. Das festinhas infantis aos casamentos, dos aniversários de gente grande às festas de empresa. Com decorações de todos os tipos, temáticas ou não, têm servido de centro de mesa, atraindo a todo mundo. Melhor seria dizer a quase todo mundo pois eu, decididamente, não me incluo na lista dos seus admiradores.

Reconheço que os cupcakes são bonitinhos, coloridos, mas não me parecem nada extraordinários. Aparentemente sua única diferença em relação ao velho bolinho inglês da lanchonete de minha escola ou da padaria reside na cobertura. Servem bem para acompanhar um chá à tarde, mas como ponto alto de festas, fazendo as vezes de  um doce, não me convencem!


Fui buscar informação sobre os ditos bolinhos e constatei o óbvio: é para a cobertura que se voltam as atenções. A massa do bolinho propriamente dita é feita geralmente com farinha de trigo, baunilha açucar, ovos, leite... mas há também os que são feitos com cenoura que parecem mais fofinhos. As receitas para a cobertura quase sempre têm como base cream cheese e açucar de confeiteiro aos quais se agregam outros ingredientes, como limão, chocolate branco, côco, abacaxi, ou mesmo bourbon ou conhaque, quando se deseja um toque mais adulto.

As defensoras do bolinho garantem que a cobertura feita de ganache é muito mais gostosa e dizem que não posso esquecer dos cupcakes recheados que, supostamente, ganham em cremosidade e superam minha crítica de que esse é um bolo seco e sem graça. 

Enfim, acho que estou na contramão de uma preferência nacional e internacional, haja vista esse quiosque que fotografei numa rua de Nova York: